Manuel António Pina (1943-2012)
Manuel
António Pina nasceu em 1943, no Sabugal, na Beira Alta; vivia no Porto desde os
17 anos numa casa com muitos gatos, que lhe davam material de sobra para os
poemas.
Durante
a infância, foi-lhe difícil fazer amigos. Andou de terra em terra por causa da
profissão do pai que era chefe das Finanças e também tinha o cargo de juiz das
execuções fiscais. A família nunca chegava a ficar mais de seis anos em cada
localidade. Foi o pai que o ensinou a ler e a escrever mesmo antes de ir para a
escola e treinava a ler os títulos do jornal 1º de Janeiro. Desde os seis ou
sete anos que escrevia poemas, que a sua mãe guardava, e embora só tivesse
publicado o primeiro livro de poemas em 1974, começou a escrevê-lo em 1965.
Apesar
de ter pensado ir para a Academia Militar, licenciou-se em direito em Coimbra. Foi
tendo vários empregos: nas Contribuições e Impostos, a fazer inquéritos de rua,
agência de informações comerciais, na Comissão dos Vinhos Verdes e ainda foi
vendedor e deu aulas de português. Nos anos 80 exerceu advocacia mas desistiu
da carreira para ir “trabalhar com palavras”.
Durante 30 anos, foi
jornalista do Jornal de Notícias,
onde começou a trabalhar em 1971 quando ainda cumpria o serviço militar. Nessa
altura, em tempos de ditadura, assinava com os seus nomes do meio: António
Mota. E como não podia aparecer nas fotografias das entrevistas ou reportagens
de frente, os fotógrafos chamavam-lhe o Sr. Costas. Desde 2001 que era
colaborador permanente do Público e
escrevia também para outros jornais e revistas.
Foi
professor da Escola Superior de Jornalismo do Porto e membro do Conselho de
Imprensa. Foi bolseiro do Centro Internacional de Teatro de Berlim junto do
Grips Theater, na Alemanha, e poeta residente convidado da cidade de
Villeneuve-sur-Lot, em França.
Tinha mais de 50 livros publicados e muitos dos seus livros nasceram da leitura de ensaios, disse na entrevista que deu depois de receber o Prémio Camões 2011 ao Público.
Tinha mais de 50 livros publicados e muitos dos seus livros nasceram da leitura de ensaios, disse na entrevista que deu depois de receber o Prémio Camões 2011 ao Público.
Foi só
depois do nascimento das suas filhas, a Sara em 1970 e a Ana em 1974, que
começou a escrever literatura infantil. Em 1988 recebeu o Prémio do Centro
Português para o Teatro para a Infância e Juventude (CPTIJ) pelo conjunto da
sua obra neste domínio. Em 1993, recebeu o Prémio Nacional de Crónica, Press
Club/ Clube de Jornalistas.
O primeiro
livro "para" crianças que Manuel António Pina escreveu tinha por
título O País das Pessoas de Pernas para
o Ar. Foi em 1973 e obrigou-o "a uma conversa com a PIDE, por ter desrespeitado
a religião católica". Motivo: a história «O Menino Jesus não Quer Ser Deus».
Depois desta obra
inicial, seguiram-se outras igualmente inovadoras, como Gigões & Anantes, O
Têpluquê, Perguntem aos Vossos Gatos
e Cães ou O Inventão.
Algumas
das suas obras foram adaptadas ao cinema e à televisão, transpostas para BD,
bem como musicadas e editadas em disco. Trabalhou muito com a Companhia de
Teatro portuense «Pé de Vento».
(adaptado de Público online)
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