As minhas leituras

Cá na família, se perguntavam por mim diziam: «- Deve estar a ler...». Fui criada naquele tempo em que não havia televisão durante o dia e não me deixavam ir para a rua brincar. Fui criada com uma avó analfabeta e, por isso, aprendi a ler cedo para lhe ensinar. O que já não consegui a tempo.
Então, davam-me livros para eu ficar sossegada a ler. Eu lia qualquer livro do princípio ao fim e recomeçava. E os livros ficavam comigo, nunca me deixavam. Fui lendo tudo o que me aparecia (e que nem sempre era adequado à minha idade... Não foi isso que fez de mim pior pessoa) em todas as idades. E ainda hoje ponho os livros em primeiro lugar. Se calhar (e agora vão processar-me...) até antes da família e dos amigos.
Posso ter encontrado livros menos interessantes (há sempre uns que custam e alguns poucos que não se deixam ler por mim) mas a maioria fez as minhas delícias e fez com que o meu mundo se alargasse. Apesar de já poder ir onde quero (ao contrário de quando era criança), muitas vezes prefiro ir lá através da palavra escrita. Porque ler é viajar e descobrir outras coisas e pessoas e também quem somos ou quem poderíamos ser. Mesmo hoje, tão tecnológicos que somos, ler leva-nos mais longe. Sejam livros ditos «difíceis», sejam obras fantásticas ou populares, há lugar para descobrir tudo e mais alguma coisa? O que me dizem, vai uma leitura?

Comentários

margaridagg disse…
Recuei no tempo ao ler o teu texto... e senti saudades de tudo o que li. Debaixo dos lençóis com uma pilha até às tantas, na figueira do quintal (no ramo mais alto, onde via a cidade), na eira... tudo o que cheirasse a sonho e aventura. As minhas leituras tiveram censura... até sair de casa e vir para a faculdade, para Lisboa (eu vivia em Tomar). Depois li de tudo. Agora estou numa fase de não ler, mas já sinto saudades.
Não páres de ler nunca (as saudades magoam) e, se possível, abre-nos o apetite ao que achares que vale a pena!

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