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A mostrar mensagens de fevereiro, 2012
Soneto de Fidelidade De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. Vinícius de Moraes
Saudades Saudades! Sim... talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte Que bem pensara vê-lo até à morte Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte Deve-nos ser sagrado como pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar Mais a saudade andasse presa a mim! Florbela Espanca

Um poema à sexta.

A Leitora A leitora abre o espaço num sopro subtil. Lê na violência e no espanto da brancura. Principia apaixonada, de surpresa em surpresa. Ilumina e inunda e dissemina de arco em arco. Ela fala com as pedras do livro, com as sílabas da sombra. Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento. Desce pelos bosques como uma menina descalça. Aproxima-se das praias onde o corpo se eleva em chama de água. Na imaculada superfície ou na espessura latejante, despe-se das formas, branca no ar. É um torvelinho harmonioso, um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira na sede obscura de palavras verticais. A água move-se até ao seu princípio puro. O poema é um arbusto que não cessa de tremer. António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

Semana da Leitura - o livro.

A um Livro   No silêncio de cinzas do meu Ser Agita-se uma sombra de cipreste, Sombra roubada ao livro que ando a ler, A esse livro de mágoas que me deste. Estranho livro aquele que escreveste, Artista da saudade e do sofrer! Estranho livro aquele em que puseste Tudo o que eu sinto, sem poder dizer! Leio-o, e folheio, assim, toda a minh’alma! O livro que me deste é meu, e salma As orações que choro e rio e canto! ... Poeta igual a mim, ai que me dera Dizer o que tu dizes! ... Quem soubera Velar a minha Dor desse teu manto! ... Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"  Conta-nos o que encontraste num livro que parecia escrito para ti!

Semana da Leitura - que livros são os nossos? Qual a sua função para nós?

Os Meus Livros Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos E que percorro com a minha mão côncava. Não sem alguma lógica amargura Entendo que as palavras essenciais, As que me exprimem, estarão nessas folhas Que não sabem quem sou, não nas que escrevo. Mais vale assim. As vozes desses mortos Dir-me-ão para sempre. Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda" Os meus livros estiveram sempre ao meu lado quando precisei de companhia, de ânimo, de distração. Como se fossem amigos indiscutíveis, levaram-me à descoberta de mundos e à descoberta de novas leituras nas mesmas páginas. Porque um livro não muda mas nós sim. E refletimo-nos nos livros que lemos e nos sentidos que neles achamos. Nesta Semana da Leitura da ESFD, vamos também falar de livros. Que vos dizem os vossos livros? Contem-me!

Semana da Leitura

     Começa hoje na nossa escola a semana dedicada à leitura. Apesar de lermos todos os dias (não é verdade?), nesta semana vamos contatar com diferentes práticas de leitura: com a grande cooperação da Biblioteca e dos colegas do grupo de português, haverá atividades que nos remetem para livros e leitura, um pouco para todos os gostos. Podem consultar melhor o programa na escola, nos cartazes de divulgação espalhados por todo o lado, junto do professor de português ou no link da biblioteca.       Para além da tradicional exposição de trabalhos feitos em vários anos e turmas do terceiro ciclo (e que coexiste com a dos colegas de artes, a tão fantástica «Todos diferentes, todos iguais», sobre a unidade na diversidade que é a nossa Ferreira), haverá o primeiro concurso de ortografia (vá, atreve-te: como se soletra otorrinolaringologista??), o segundo concurso de leitura em línguas estrangeiras, dramatizações, declamações de poemas, debates (...

Um poema à sexta.

Infância Sonhos enormes como cedros que é preciso trazer de longe aos ombros para achar no inverno da memória este rumor de lume : o teu perfume, lenha da melancolia . Carlos de Oliveira, in 'Cantata'