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A mostrar mensagens de novembro, 2012

Um poema à sexta...

Sangue   Versos escrevem-se depois de ter sofrido. O coração dita-os apressadamente. E a mão tremente quer fixar no papel os sons dispersos... É só com sangue que se escrevem versos. Saúl Dias, in "Sangue"

Outras cabeças, outros leitores... 1

Que leitor sou?             Para mim, os livros são como os doces... São bons, saborosos e um pecado que cometo. Gosto de ler a qualquer hora do dia, a qualquer momento do ano.             Claro que, às vezes, quando me embrenho nas minhas leituras, esqueço-me completamente do que tinha para fazer. Infelizmente, isto acontece-me várias vezes. Mas, como se diz, até aos melhores acontece.             Posso classificar-me como um leitor guloso. Gosto de tudo o que tenha aventura, mistério, ou até uma pitada de romance ou terror. Enfim, de tudo um pouco!             Comecei a desenvolver as minhas qualidades de leitor precocemente, quando o meu avô e a minha mãe me ensinaram a ler. Tinha apenas dois anos e meio...             Como sabemos, a leitura é um vício, e estimulei-o da melhor maneira que havia para um garoto de tenra idade: lendo revistinhas de banda desenhada! Passava horas a ler revistas do Tio Patinhas, do Pato Donald... Enfim!             Fui crescendo e, qu

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Biblioteca do Trinity College  (Dublin, Irlanda)

Um poema à sexta...

Por Todos os Caminhos do Mundo   A minha poesia é assim como uma vida que vagueia pelo mundo, por todos os caminhos do mundo, desencontrados como os ponteiros de um relógio velho, que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar num jardim nocturno, ora um deserto que o simum veio modificar, ora a miragem de se estar perto do oásis, ora os pés cansados, sem forças para além. Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe o rumo e a hora de o atingir, a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado de que a tempestade não lhe abalará o palácio, a doçura de quem nada tem a regatear, o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar. Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo norte. Que ninguém me peça nada. Nada. Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia, com a minha noite que nem sempre é noite como a alma quer. Não sei caminhos de cor. Fernando Namora, in 'Mar de Sargaços'

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Biblioteca Internacional do Livro Infantil, Tóquio https://www.facebook.com/improbableslibrairiesimprobablesbibliotheques

Um poema à sexta...

Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia   Eu ontem passei o dia Ouvindo o que o mar dizia. Chorámos, rimos, cantámos. Falou-me do seu destino, Do seu fado... Depois, para se alegrar, Ergueu-se, e bailando, e rindo, Pôs-se a cantar Um canto molhado e lindo. O seu hálito perfuma, E o seu perfume faz mal! Deserto de águas sem fim. Ó sepultura da minha raça Quando me guardas a mim?... Ele afastou-se calado; Eu afastei-me mais triste, Mais doente, mais cansado... Ao longe o Sol na agonia De roxo as aguas tingia. «Voz do mar, m isteriosa; Voz do amor e da verdade! - Ó voz moribunda e doce Da minha grande Saudade! Voz amarga de quem fica, Trémula voz de quem parte...» . . . . . . . . . . . . . . . . E os poetas a cantar São ecos da voz do mar! António Botto, in 'Canções'

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Bolsa de livros em Tournai, Bélgica

Um poema à sexta...

Chove. Há Silêncio   Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva Não faz ruído senão com sossego. Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva Do que não sabe, o sentimento é cego. Chove. Meu ser (quem sou) renego... Tão calma é a chuva que se solta no ar (Nem parece de nuvens) que parece Que não é chuva, mas um sussurrar Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece. Chove. Nada apetece... Não paira vento, não há céu que eu sinta. Chove longínqua e indistintamente, Como uma coisa certa que nos minta, Como um grande desejo que nos mente. Chove. Nada em mim sente... Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Atreve-te a ler!

Todos os meses a Biblioteca da Ferreira Dias lança este desafio: atreve-te a ler! Dá a sugestão de um livro e propõe que escrevam sobre ele. É a oportunidade de descobrir escritores desconhecidos e títulos interessantes: Espreitem aqui !

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  Livros em miniatura in: https://www.facebook.com/improbableslibrairiesimprobablesbibliotheques

Um poema à sexta...

  Viagem     É o vento que me leva. O vento lusitano. É este sopro humano Universal Que enfuna a inquietação de Portugal. É esta fúria de loucura mansa Que tudo alcança Sem alcançar. Que vai de céu em céu, De mar em mar, Até nunca chegar. E esta tentação de me encontrar Mais rico de amargura Nas pausas da ventura De me procurar... Miguel Torga, in 'Diário XII'